Breve história dos bondes e seu papel na mobilidade

O ônibus como o meio de transporte que conhecemos hoje, trata-se de uma evolução do bonde, que chegou no Brasil na metade do século XIX. Sua capacidade média de transporte era de 16 passageiros e a linha como serviço regular inaugurou no Rio de Janeiro, fazendo a ligação entre o Lago do Rocio (atual Praça Tiradentes) à Tijuca. Na ocasião, estavam presentes D. Pedro II e sua esposa.
Os primeiros bondes começaram a circular em 1859 e eram movidos por tração animal. Em 1862 o animal foi substituído pelo vapor, modalidade que permaneceu por apenas 3 anos, devido a falência da companhia. A partir de então, a The Botanical Garden Railroad Company inaugurou sua primeira linha no Rio de Janeiro, que fazia o trajeto partindo da esquina das ruas do Ouvidor e Gonçalves Dias, no Centro, até o Largo do Machado, no Catete.
Os bondes foram se tornando populares, principalmente, pela citação de artistas em sua obra. Um exemplo foi Machado de Assis, que publicou uma espécie de guia em 1883, para os usuários do transporte coletivo. O autor cita na obra que seu trabalho conta com setenta artigos, mas apresenta apenas dez, entre os quais está o seguinte:
ART. III Da leitura dos jornais
Cada vez que um passageiro abrir a folha que estiver lendo, terá o cuidado de não roçar as ventas dos vizinhos, nem levar-lhes os chapéus. Também não é bonito encostá-los no passageiro da frente. (Publicado na Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 04/07/1883)
Em 08 de outubro de 1892, circulou o primeiro bonde elétrico da América Latina, operado pela Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico. Na ocasião, partiu do centro da cidade transportando figuras importantes da época, como o Presidente da República Marechal Floriano Peixoto. Mesmo em circulação, a dominação dos bondes elétricos não foi imediata, pois a tração animal seguiu sendo utilizada por algum tempo.
Assim como o ônibus atualmente, o bonde era um meio de transporte sustentável, que proporcionava melhorias na mobilidade urbana, e cuidado com o meio ambiente. Apesar disso, os elétricos permaneceram nas ruas do RJ até 1963, época em que os automóveis se tornavam o principal meio de transporte. Nas demais cidades, a retirada de circulação ocorreu com apenas alguns anos de diferença.
Em 1979 foi fundado o Museu do Bonde, na Estação Carioca, onde permaneceu por quase duas décadas, antes de ser transferido para Santa Tereza, bairro que atualmente os bondes são meio de transporte e cartão postal.
Agência Marcão Kareca

