Mobilidade urbana: o que é e por que é tão discutida?

Políticas públicas na área devem promover qualidade de vida e sustentabilidade
É muito difícil, hoje em dia, quem nunca ouviu falar algo sobre “mobilidade urbana”. Nos últimos anos, o tema tem sido amplamente discutido, sob diversos aspectos, como no âmbito ambiental, econômico, político ou social. Mais do que apenas debater sobre os meios de transporte, o tema envolve a qualidade de vida da população e o seu desenvolvimento sustentável.
Em sua essência, mobilidade urbana refere-se às condições que devem facilitar o deslocamento de pessoas e bens em um espaço urbano. Para isso, são usados os diferentes modais de transporte, como carro, moto, ônibus, metrô, bicicleta, entre outros, através das vias e de toda infraestrutura disponível. Dessa forma, a interação entre os modais e a cidade, teoricamente, deveria proporcionar o deslocamento das pessoas de forma fácil e democrática.
No entanto, a realidade de grande parte das cidades do Brasil e do mundo está muito distante desse ideal de mobilidade, por isso o tema é tão discutido atualmente. Congestionamentos constantes e problemas no trânsito são cada vez mais comuns, e percursos que deveriam gastar minutos levam horas para serem concluídos. De acordo com pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência, a pedido da Rede Nossa São Paulo, o paulistano gasta, em média, três horas por dia em seus deslocamentos na cidade.
Segundo especialistas, diversos fatores são responsáveis pelo trânsito caótico, principalmente nas cidades brasileiras, como o crescimento das cidades sem um adequado planejamento urbano, a falta de políticas públicas que promovam a mobilidade e a priorização do carro como principal meio de transporte. Na tentativa de buscar soluções para as dificuldades de deslocamento, em 2012 foi sancionada a lei que institui a Política Nacional de Mobilidade Pública, que prevê a regulamentação de políticas públicas nesse setor.
Entre as determinações da lei, está a obrigatoriedade de todas as cidades, com mais de 20 mil habitantes, elaborarem seus planos de mobilidade urbana visando à integração do planejamento dos meios de transporte com o desenvolvimento urbano de forma sustentável e com a melhoria da qualidade de vida. Os municípios que não atenderem a essa determinação ficarão impedidos de receber os recursos federais destinados à mobilidade urbana.
Em Londrina-PR, o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (PlanMob Londrina) está sendo elaborado, com a montagem de um completo banco de dados sobre as demandas da população quanto à mobilidade e acessibilidade. Neste mês, mais de 15 mil pessoas começam a ser entrevistadas sobre os trajetos percorridos e quais os meios de transporte utilizados. Para essa pesquisa, a cidade foi dividida em 90 zonas de tráfego nas quais cinco mil domicílios foram sorteados. A previsão é que as entrevistas, uma das ações que integra o PlanMob Londrina, sejam finalizadas até o término no mês de abril.
Por Gisleine Durigan
Foto: Folha de Londrina