Ter carro próprio ainda vale a pena?

Saiba como colocar tudo na ponta do lápis para decidir sem se arrepender
Comprar o carro próprio já foi o sonho da grande maioria dos brasileiros, o que, durante muito tempo, representava liberdade, conforto e autonomia. No entanto, com as mudanças ocorridas nos últimos anos, como o aumento nos congestionamentos, os altos índices de poluição e as novas opções de meios de transporte, cada vez mais pessoas colocam em xeque se, realmente, ainda vale a pena investir em um carro.
Resultado de décadas de planejamento urbano que colocou o carro como elemento central e de estímulos para a compra do veículo próprio, hoje as cidades sofrem as consequências da chamada “cultura do carro”. Caracterizada pela supervalorização do automóvel, não só em razão dos seus atributos funcionais, mas também, como símbolo de poder e status, a cultura do carro tem levado ao excesso de veículos nas ruas, causando grandes engarrafamentos.
De acordo com uma pesquisa sobre o padrão de tráfego, realizada pelo instituto INRIX, que analisou mais de 200 cidades localizadas em 38 países nos seis continentes, as capitais brasileiras apresentam um dos piores trânsitos do mundo. Especialista em análise de mobilidade, a INRIX fez uma classificação de acordo com os níveis de engarrafamento e, duas cidades brasileiras, São Paulo (5ª posição mundial) e Rio de Janeiro (7ª posição mundial), estão entre as 10 cidades mais congestionadas do mundo. O primeiro lugar é ocupado por Moscou (Rússia).
Despesas
Antes de comprar um automóvel, é comum calcular se as parcelas (caso seja financiado) e os gastos com o combustível vão caber no bolso. Porém, o que poucos se lembram são das outras despesas que vêm junto com o veículo. E, principalmente, deixam de somar e colocar na ponta do lápis o valor anual que será gasto.
Para começar a calcular, o primeiro passo deve ser separar os custos fixos (os gastos anuais que o motorista terá mesmo se não usar o carro), que são:
– impostos: IPVA, DPVAT e licenciamento;
– seguro: Não obrigatório, mas muito indicado, principalmente, em grandes cidades;
– depreciação do carro: perda de cerca de 8% do valor do carro, nos primeiros cinco anos;
– custo de oportunidade: ainda pouco conhecido, mas já muito apontado por economistas, é o rendimento mínimo que o dinheiro aplicado na compra do automóvel poderia gerar (considerando 4,5% ao ano, da poupança).
Se considerarmos um carro popular, com um preço médio de R$35.000,00, os custos fixos, apontados acima, resultam em um total de, aproximadamente, R$8.000,00 ao ano. Quanto maior for o valor do carro, maior será o custo fixo também.
O segundo passo é calcular os custos variáveis (como o nome já diz, depende do uso que o motorista faz do carro). Para calcular essa parte, as despesas mais comuns são:
– combustível;
– manutenção;
– estacionamento ou zona azul.
Como exemplo para análise, se considerarmos os valores de uma cidade de médio porte, com o consumo do carro de um litro de combustível a cada dez quilômetros rodados e um deslocamento diário de dez quilômetros por dia, os custos variáveis seriam, no mínimo, de R$ 2.000,00.
Ou seja, por ano, em média, com um carro popular:
custos fixos + custos variáveis = R$ 10.000,00
Incrível, não é mesmo? Muitas vezes, deixamos de colocar tudo na ponta do lápis, e assustamos quando vemos as contas. Mas, agora, que demonstramos o passo-a-passo para o cálculo, é muito mais fácil identificar o valor dos gastos também para os outros meios de transporte e decidir com mais certeza. Afinal, ficou mais simples entender porque, hoje em dia, cada vez mais pessoas se questionam se realmente vale a pena ter o seu carro próprio.
Link para cultura do carro: https://mov1.com.br/cultura-do-carro-e-um-dos-maiores-problemas-para-a-mobilidade-urbana/
Agência Marcão Kareca Assessoria de Imprensa Por Gisleine Durigan

